Cel. Fabriciano, 04 de maio de 2024

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12 maio
Imagem: Pe. Evaldo César de Souza/Arquivo Pessoal

Silêncio… paz… oração… Fátima

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Tive a alegria de estar por três vezes em Fátima e delas carrego um mesmo sentimento: uma grande paz. Quando entramos na esplanada do santuário, e avistamos lá no meio, a pequena capela das aparições, e inúmeros fiéis caminhando em silêncio, rezando, naquela imensa praça, só conseguimos mesmo pensar em coisas boas. A simplicidade daquele lugar nos reporta imediatamente ao campo da Iria, onde naquele 13 de maio os três pastorzinhos – Lúcia, Jacinta e Francisco – experimentaram a graça da presença de Nossa Senhora.

São 100 anos de devoção, de uma força espiritual que se espalhou pelo mundo, e move o coração dos católicos que reconhecem, na serena presença de Nossa Senhora de Fátima, a acolhida necessária para os momentos de angústia e solidão. Qual católico desconhece a história comovente dos três pobres pastorzinhos? Ali, na capelinha de Fátima, cada fiel pode reviver essa história e sentir-se também envolvido pelo abraço amoroso de Maria Santíssima.

Fátima é lugar de silêncio. Para nós, latino-americanos, que aprendemos a rezar com alguma algazarra, chega a incomodar o clima silente da esplanada do santuário português. Algumas placas, espalhadas aqui e ali, avisam ao devoto desatento que conversas, cochichos e músicas em volume alto não são bem-vindas no espaço sagrado. Vez ou outra, algum devoto mais exaltado chega mesmo a nos abordar pedindo que se faça silêncio. Esse espaço de oração, marcado somente pelo sopro do vento, pode ser sentido inclusive nas grandes celebrações: mesmo com a esplanada lotada, num dia 13 de maio – estive lá em 2016 – o silêncio dos milhares de fiéis era algo impressionante.

Para o peregrino que chega em Fátima, e olha a esplanada, além da capela das aparições, é possível ver a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, hoje totalmente restaurada, ao fundo, rodeada por uma belíssima colunata que abraça, simbolicamente, todo o espaço sagrado. Ali, nessa basílica, repousam os corpos dos pastorzinhos, e seus túmulos podem ser visitados pelos devotos. Aliás, neste ano do centenário de Fátima, o Papa Francisco canonizou Francisco e Jacinta, presenteando o povo de Deus e a Igreja com mais dois pequenos intercessores.

Defronte a Basílica, do outro lado da praça, temos a moderna Basílica da Santíssima Trindade, construção subterrânea finalizada em 2007. A necessidade desse lugar mais amplo fez necessário com o aumento dos peregrinos. Uma imensa porta de bronze, artisticamente ornamentada, celebra a paz e a união dos povos. E no presbitério, um belíssimo mosaico de terracota dourada, feito pelas mãos de oito artistas de nacionalidades diferentes e assinado pelo artista esloveno Marco Ivan Rupnik, deixa a atmosfera local ainda mais propícia a oração e ao recolhimento.

A memória do Papa São João Paulo II é celebrada na esplanada com um monumento belíssimo. Sem dúvidas nenhuma o papa da paz colaborou e muito para que a devoção a Nossa Senhora de Fátima espalhasse pelo mundo afora, já que ele reconheceu nela a intercessora que o salvou da morte no atentado que sofreu no dia 13 de maio de 1981. Um detalhe dessa história é a presença do projétil na coroa da Virgem do Rosário de Fátima, incrustado ali a pedido do papa como agradecimento filial.

Fátima é toda ela uma benção. Por mais que tentemos definir o que ali sentimos, faltam-nos as palavras e sobram, muitas vezes, as lágrimas de emoção. Pode viver o centenário desse momento único da fé de nossa Igreja, e espalhar esse amor recebido é uma honra imerecida. Mas com Maria, mãe do Rosário de Fátima, chegamos mais perto de Jesus Cristo. Só por isso já sou feliz!

Fonte: Padre Evaldo César de Souza, C.SS.R