Começamos esclarecendo que a ideia de “devolver” ao Senhor Deus uma parcela de tudo aquilo que Ele nos concede é profundamente bíblica e enraizada na tradição da fé católica. E essa “devolução” depende unicamente de uma decisão de generosidade e compromisso com a nossa comunidade de fé. Quem não sabe o valor da generosidade nunca será um verdadeiro dizimista e seguirá com a ideia de que está “pagando” seu dízimo para sanar apenas um compromisso externo, e não fazendo uma experiência espiritual de doação e compromisso.
Não deveria ser novidade para ninguém, mas é preciso dizer que as comunidades católicas precisam de dinheiro para manter seus custos e possibilitar o trabalho de evangelização. A comunidade é um corpo que precisa ser alimentado por todos os membros. Cada um de nós colabora da maneira que pode para sustentar a comunidade e seus trabalhos. Você já pensou que uma comunidade tem gastos com luz, água, salário de funcionários, folhetos, limpeza, material de catequese, enfim, se a gente fosse enumerar tudo ficaríamos aqui numa lista imensa. Sem contar os trabalhos de ajuda para com os pobres e outras obras sociais. São estes gastos que acabam por exigir a coleta e o dízimo nas comunidades. Obviamente Deus não usa dinheiro, mas as comunidades que se reúnem para louvá-lo e celebrar a vida, essas sim tem seus gastos e despesas.
De fato, as comunidades cristãs sempre arrecadaram recursos para a manutenção da comunidade e assistência dos mais necessitados, viúvas e órfãos. No começo era ainda mais intensa esta ajuda. O livro do Atos dos Apóstolos nos conta que os cristãos vendiam tudo o que tinham e colocavam em comum. Era uma forma de adesão completa ao projeto de Deus. Mas preste atenção: existe uma diferença entre coleta e dízimo. As coletas são as pequenas doações que são feitas durante as missas ou mesmo fora delas, de maneira espontânea e nem sempre constante. Já o dízimo deveria ser um compromisso mensal de todos os membros da comunidade, que oferecem, como agradecimento a Deus, uma parcela mais substancial de seus recursos para a comunidade.
A palavra dízimo significa exatamente dez por cento de tudo o que recebo. A Igreja Católica não é tão detalhista e nem fica fazendo contas. O dízimo do católico, generosamente doado, é aquela quantia que você acha justo oferecer para a comunidade. Claro que esta partilha vai depender da generosidade de cada pessoa, mas que bom seria se todos colaborassem sabendo do alcance de seus ganhos financeiros. Muitos caminham para o dízimo com mentalidade mesquinha, egoístas e avarenta.
Lembrem-se que tudo o que temos vem por causa do amor de Deus em nossas vidas. Outra coisa: dízimo e coleta são fundos para a comunidade e não para o padre, ainda que os padres também retirem a sua côngrua mensal (salário) dos recursos vindos pelo dízimo. No fundo, coleta e dízimo são formas de agradecimento. Recebo tanta coisa boa de Deus. Por que então não oferecer de volta um pouco do que tenho? É isso!
Fonte: Padre Evaldo César de Souza, C.SS.R