No santoral da Igreja Católica há muitos santos e santas com histórias controversas e ate mesmo fantásticas. Talvez o mais conhecidos desses ilustres homens de Deus seja São Jorge da Capadócia. Afinal, este bravo guerreiro, que enfrentou um dragão em nome de Cristo para salvar uma donzela, e depois passou a morar na lua, realmente existiu? Aqui está o desafio cristão de separar joio do trigo, lendas de história, verdade de mitos… e no final disso tudo encontraremos certamente a figura de um jovem santo, Jorge, que como tantos outros de seu tempo, buscou amar Jesus Cristo acima de tudo e por isso mereceu um lugar nos Céus.
A veracidade e a legitimidade do culto a São Jorge não estão colocadas em dúvidas, afinal o missal romano, na sua edição portuguesa, traz a memória do santo no dia 23 de abril, com oração própria. Assim, a liturgia oficial da Igreja reitera e confirma que o culto a São Jorge é válido e legítimo. Jorge é um desses casos das primeiras horas cristãs, cuja história se confunde com muitas lendas e ao longo do séculos, confunde-se em nós o que é fato do que é fantasia.
Entretanto, mesmo as mais fantasiosas histórias relacionadas com São Jorge devem ser lidas sempre a partir de um viés alegórico, simbólico e profundamente pedagógico. Comecemos com a grande figura que acompanha a representação do santo guerreiro: o dragão. Como sabemos, dragões, como vemos em filmes, são criaturas míticas, criadas desde remotos tempos na imaginação do homem, que a essa figura deu sentido e significados diversos. Na teologia cristã ocidental, o dragão é referencia imediata e direta às forças do mal que tentam nos afastar do caminho de Deus. Obviamente Jorge não enfrentou dragões reais, mas lutou contra o mal que queria destruir a sua inocência e o amor que ele tinha por Jesus. A donzela, salva pelo guerreiro, pode ser lida como a própria pureza que o santo pretende preservar da fúria do dragão/demônio.
Também não tem nenhum fundamento factual imaginar que Jorge more na lua. Essa relação nasceu das influencias das religiões de raízes africanas no sincretismo religioso em solo brasileiro. O santo guerreiro (com forte conotação masculina) teria na lua (símbolo do feminino) o seu equilíbrio humano e psíquico. Pura imaginação!
Então o que é certo da vida de São Jorge? Pouca coisa de fato nos chegou como fonte histórica – Jorge devia ser um soldado romano, possivelmente das legiões de Diocleciano. Converteu-se ao cristianismo como muitos outros de sua época, e foi morto pelo martírio. Sua memória é venerada desde os começos do cristianismo e sua intercessão é clamada pelos seus devotos no mundo todo. Portugal e Inglaterra o têm como padroeiro, também no Brasil o santo e muito amado. Que o digam os corintianos, cuja história nasce no Parque São Jorge, em São Paulo, e que cultivam muita devoção ao santo guerreiro.
Fonte: pe. Evaldo César de Souza, CSSR