A devoção ao Sagrado Coração tem a sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus pôr você. Este amor encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus. A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é tão antiga como a Igreja: pois começou na Cruz, onde este divino Coração, traspassado pelo ferro da lança, desde então abriu para os fiéis um asilo inviolável. Quem poderá duvidar que os primeiros cristãos, os mártires, beijando com aquela fé, com aquele amor que os fazia triunfar dos suplícios e até da morte, as chagas de Jesus crucificado, aplicando os lábios ao lado ferido do Redentor, meditando sua Paixão, não se lembrassem ao mesmo tempo de seu Coração, transbordando de amor, e cujas chamas parece que se escapam pela ferida?
Assim é que os maiores Santos de todos os séculos, tais como, por exemplo, Santo Agostinho, São Bernardo, São Boaventura, Santa Gertrudes, Santa Matilde, Santa Catarina de Sena, penetraram o segredo desta devoção muito antes que ela fosse revelada de modo especial. Estava, todavia, reservado ao século 17 ver tributado culto público ao Sagrado Coração de Jesus, e à França dar-lhe nascimento. A pessoa de quem se serviu Deus para manifestar os desígnios de sua misericórdia no estabelecimento desta devoção foi uma simples religiosa da Visitação, de Paray-le-Monial, de nome Margarida Maria.
Em 1673, Santa Margarida Maria de Alocoque começou a ter uma série de revelações que a levaram à santidade e ao impulso de formar uma equipe de apóstolos desta devoção. Com seu zelo conseguiram um enorme impacto na Igreja. Diz ela: “Estando diante do Santíssimo Sacramento em um dia de sua oitava, recebi de meu Deus graças inefáveis. Sentindo-me inflamada em desejos de retribuir-lhe amor com amor, disse-me Ele: “Eis este coração que tanto tem amado os homens…não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”.
O culto público ao Sagrado Coração foi introduzido em 1765 por Clemente XIII, ao introduzir sua festa litúrgica, com Missa e ofícios próprios. Em 1856 Pio IX estendeu sua festa a toda a Igreja. Em 1899 Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus.
Fonte: Padre Evaldo Souza, CSSR