O que mais me impressiona nos grandes teólogos da Igreja é a capacidade que eles têm de falar de coisas sublimes, profundamente misteriosas e divinas, e ao mesmo tempo, manter a relação humilde e simples com a humanidade ferida e machucada pela dor. Um teólogo de verdade jamais vai perder o pé do chão da história, com o risco de fazer uma teologia que não responda aos anseios profundos dos homens e mulheres que desejam amar e conhecer melhor o amor de Deus.
Agostinho, o santo bispo de Hipona, nascido em 354 e falecido em 430, é um desses ilustres homens cuja inteligência firmou bases teológicas que até hoje sustentam as reflexões teológicas, e ao mesmo tempo, foi humano o suficiente para oferecer ao povo razões para amenizar as dores da vida com lições simples e eficientes. De Santo Agostinho são os cinco conselhos para amenizar a tristeza que vez ou outra batem à porta de nosso coração.
Caso você esteja triste, as próximas linhas serão valiosas para você. Caso você esteja feliz, guarde os conselhos que se seguem, afinal, mais cedo ou mais tarde, a tristeza poderá entrar no seu coração. E com Santo Agostinho aprenderemos a superar com simplicidade essa sensação de vazio e dor que muitas vezes quer nos derrubar.
O primeiro conselho de Agostinho, diante da tristeza, é fazer algo que te traga prazer. Isso mesmo: está triste? Que tal tomar um picolé, comer uma barra de chocolate ou até mesmo fazer um passeio pelo campo? O que te traz prazer? Visitar alguém, tomar uma cerveja ou um copo de açaí? Gosto de ver futebol, jogar videogame, fazer um bordado? Ou quem sabe bater um bolo de fubá ou então cuidar da horta e do jardim? Buscar algo prazeroso é uma forma útil e eficaz de superar a tristeza. E os pequenos prazeres da vida tem a capacidade ímpar de nos dar ânimo ao coração.
O segundo conselho do santo teólogo é chorar. Simplesmente permitir que por meio das lágrimas aquele nó da garganta se desfaça e aquele vazio seja superado pelas lágrimas que dos olhos escorrem. Chorar quando se está triste tem alto poder terapêutico, então chore, chore, chore… no final as lágrimas serão o lubrificante de sua alma e você sentirá muito mais aliviado. E atenção homens: vocês também podem e devem chorar na hora da tristeza. Machismo nessa hora só vai prolongar a sua dor!
A terceira maneira de deixar a tristeza desaparecer de nosso coração é buscar a companhia dos verdadeiros amigos e condividir com eles nossas angústias interiores. Um ombro amigo, na hora da tristeza, é um bálsamo milagroso. Cultive amigos que sorriem com você, mas saiba que os verdadeiros amigos são mesmo aqueles que choram com você e que enxugam as suas lágrimas.
Chegamos ao quarto conselho do sábio teólogo. Quando abater sobre você a tristeza apresse-se em admirar as coisas belas que estão ao seu redor, e contemple a verdade do amor que Deus oferece de muitos modos a todos nós. A beleza de uma obra de arte, de um bom filme, de um música que nos lembra momentos de alegria, a paisagem da natureza, o jardim, o pomar, aquele animal de estimação que me faz companhia. O fulgor da verdade e da alegria está ao nossos alcance, e se nos bate a tristeza, corremos a ver a obra do amor de Deus em tantas coisas que transparecem a beleza e alegria.
Finalmente, o quinto conselho para deixar a tristeza para trás é simples e muito prático. Parece até estranho ouvir isso da boca de um teólogo do século IV, mas Agostinho convida a todos cuja coração está triste a tomar um bom banho quente, um bom chá e repousar. Dar descanso ao corpo para que mente supere a tristeza. Aqui o teólogo mostra como corpo, a mente e alma estão intimamente ligados, e ele sabe que repousar o corpo é uma forma maravilhosa de acomodar os sentimentos da alma. Então, se bater a tristeza, aquele banho, aquela massagem nos pés e o escurinho do quarto pode ser o melhor remédio para que tudo vá se normalizando.
No fim das contas, guardemos a promessa de Jesus Cristo, que em tudo isso permanece sempre conosco: “Vocês ficarão tristes, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria”(Jo 16,20). Deixe a tristeza repousar, levante a cabeça e sorria para vida que te aguarda de braços abertos!
Fonte: Pe. Evaldo César de Souza, CSSR