Cel. Fabriciano, 24 de novembro de 2024

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24 ago
Imagem: Internet

A loucura da cruz!

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A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir a “loucura da cruz”: o acesso a essa vida verdadeira e plena que Deus nos quer oferecer passa pelo caminho do amor e do dom da vida (cruz).

Na primeira leitura(cf. Jr 20,7-9), o profeta Jeremias descreve a sua experiência de “cruz”. Seduzido por Deus, Jeremias colocou toda a sua vida ao serviço de Deus e dos seus projetos. Nesse “caminho”, ele teve que enfrentar os poderosos e pôr em causa a lógica do mundo; por isso, conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição. É essa a experiência de todos aqueles que acolhem a Palavra de Deus no seu coração e vivem em coerência com os valores de Deus.

A segunda leitura(cf. Rm 12,1-2) convida os cristãos a oferecerem toda a sua existência de cada dia a Deus. Paulo garante que é esse o sacrifício que Deus prefere. O que é que significa oferecer a Deus toda a existência? Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver em consequência.

No Evangelho(cf. Mt 16,21-27), Jesus avisa os discípulos de que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas passa pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.

A reação de Jesus em relação a Pedro nos assusta, porque Jesus nunca havia dito palavras tão duras: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens”(cf. Mt 16,23). Por que Jesus foi tão severo com Pedro? Jesus sabia perfeitamente a verdadeira razão da reação tão ousada de Pedro, que falava por todos. De fato, todos os discípulos sonhavam com um Jesus vitorioso e triunfante que, ao libertar o povo do jugo romano, seria coroado de glória, brilharia como rei de Israel. Para espanto de todos os discípulos, aquele que Jesus havia escolhido como rocha sobre a qual construiria sua Igreja(Mt 16,18) se converte em tentador satânico(Mt 16,23).

Os discípulos, como disse São Paulo aos Romanos, ainda estavam em conformidade com o mundo e não percebiam a vontade de Deus(cf. Rm 12,2); não haviam renunciado a si mesmos para seguir a Jesus em todas as circunstâncias(cf. Mt 16,24-25). Renunciar a si mesmo não significa desprezar-se, ter-se em baixa estima, desvalorizar-se, mas superar o desejo de ser mais que os outros, esforçar-se para esvaziar-se dos desejos utilitaristas, dos desejos de autopromover-se, do desejo desordenado de posse, mando e poder e ter a coragem de arriscar tudo por Jesus. “Quem quiser salvar a sua vida vai perde-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontra-la”(cf. Mt 16,25). O que Jesus quis dizer é que aquele que deseja ser seu discípulo mas continua apegado a tudo aquilo que a vida e o mundo oferecem, corre o risco de perder o maior bem de todos, que é a vida vivida segundo o projeto de Deus, que sabe perfeitamente o que nos convém.

Os homens e mulheres tem dificuldades de renunciar às coisas passageiras. A palavra “renúncia” tem um sentido profundo na visão evangélica. Renúncia quer dizer perda, quer dizer abrir mão de vantagens, de reconhecimentos, abrir mão de ser melhor para ser discípulo de Jesus. A renúncia de si mesmo é o exercício diário do discípulo de Jesus, a renúncia da vontade, das coisas do mundo, do pecado, do favorecimento e de tantas outras coisas que o mundo nos oferece para carregar a nossa cruz e seguir Jesus.

Salvar a vida é perder no sentido de dar, de doar e fazer a oblação de si mesmo, para que a vida de Deus esteja em nós. É preciso entender que o mundo está dentro de nós, o pensamento do mundo está em nós, as vantagens e pregações do mundo estão impregnadas em nós. E precisamos renunciar a mentalidade, os sentimentos e as vantagens que o mundo tanto coloca em nós.

Às vezes, é preferível que tenhamos uma vida razoável ganhando menos, mas estarmos unidos nos verdadeiros valores com a nossa família, do que todos os dias querermos contar vantagens, termos buscas incansáveis financeiras nisso e naquilo e perdendo o que é essencial.

Hoje a Mãe Igreja recorda de modo especial os catequistas. O catequista é o privilegiado transmissor da fé, é aquele que passa a educação na fé. A importância da catequese está em propiciar o encontro com Jesus que nos revela o mistério de Deus, bom e misericordioso, a dignidade da pessoa humana à luz da filiação divina, a felicidade entre nós, o perdão dos pecados, a vida nova que nasce da fé, se manifesta na caridade e se alegra na esperança da felicidade eterna. A catequese é, portanto, todo o processo de iniciação à vida de fé. Inclui o crescimento na santidade pessoal e a inserção na comunidade à luz da palavra de Jesus. Coincide, assim, com a conversão para Deus na constante superação do pecado e na vida da graça. Neste processo, vamos interiorizando os sacramentos de iniciação: o batismo, a eucaristia e a crisma, que nos capacitam a enfrentarmos a realidade da vida humana como filhos e filhas de Deus, na força do Espírito e na prática da caridade fraterna. Que todos os catequistas recebam nosso afeto e nossa oração. Deus lhes pague e os anime na missão! Catequista é aquele que segue Cristo e renuncia a si mesmo em favor da “loucura da Cruz!”

Fonte: CNBB

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