A Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) será celebrada este ano de 24 a 31 de maio e o tema escolhido é a inspiração bíblica contida nos Atos dos Apóstolos 28.2: “Eles nos demonstraram uma benevolência fora do comum”. O lema é a expressão que se popularizou no Brasil: “Gentileza gera gentileza!”. A celebração de abertura da Semana de Oração pela Unidade Cristã acontece no dia 25 de maio, às 21h, e poderá ser acompanhada pelas redes sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
A SOUC 2020 foi preparada pelas Igrejas cristãs em Malta. Todos os anos, em 10 de fevereiro, muitos cristãos da ilha celebram a festa do naufrágio do apóstolo Paulo, destacando e agradecendo a chegada da fé cristã nesse território. A leitura de Atos usada na festa este ano foi o texto escolhido para a SOUC 2020.
Ao longo da Semana, serão publicados diversos materiais que servem de inspiração e incentivo à unidade e, no dia 31 de maio, a motivação é que todas as comunidades, independentemente de sua tradição confessional, celebrem o Pentecostes virtualmente, compartilhando nas redes sociais o testemunho público de amor e solidariedade das igrejas em tempos de pandemia. A unidade na diversidade fortalece-nos para ações de gentileza e amor à pessoa próxima.
“As igrejas são parte da grande Casa Comum que é a criação de Deus. As comunidades primitivas celebravam nas casas. Era ali que amigos e amigas, familiares reuniam-se para louvar e celebrar. A SOUC 2020 irá conectar essas diferentes casas, de Norte a Sul do país, pelas redes sociais. Isso porque cabe-nos cuidar da pessoa próxima e este cuidado, hoje, significa interligar-nos em espírito e oração, mediados pelas redes sociais”, declara Romi Bencke, secretária-geral do CONIC.
O bispo de Cornélio Procópio (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB, Dom Manoel João Francisco, lembrou que, no Brasil, a Semana de Oração pela Unidade Cristã é celebrada na semana que antecede a solenidade de Pentecostes, no próximo dia 31. “Com a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Nossa Senhora reunidos no Cenáculo, na cidade de Jerusalém, nós rezamos pela unidade cristã. Ou seja, para que, conforme o desejo de Jesus, voltemos a ser um só rebanho, sob a égide de um só Pastor, o Cristo Senhor”, afirmou.
O bispo reforçou que este ano o caminho espiritual para vivência da semana foi preparado por um grupo de irmãos da Ilha de Malta. “Aquela na qual, cujo relato do livro dos Atos dos Apóstolos, diz que São Paulo e outros navegantes foram acolhidos após o naufrágio em sua viagem para Roma”, indicou.
Para Dom Manoel, o naufrágio de São Paulo apóstolo traz de imediato à mente as “centenas de milhares de imigrantes que fugindo da fome, das guerras e de situações climáticas inóspitas se aventuram através do mar mediterrâneo, em barcos frágeis, na tentativa de melhores dias. Muitos deles também naufragam e acabem perdendo a própria vida”. O tema das migrações é um tema precioso ao Papa Francisco.
“Hoje muitas pessoas estão enfrentando terrores semelhantes nestes mesmos mares, nos mesmos lugares, mencionados nos Atos dos Apóstolos, no capítulo 27, versículo 18, também no capítulo 28, 10º versículo, também fazem parte das histórias dos migrantes modernos”, disse. Muitos migrantes de hoje, reforçou o presidente da Comissão para o Ecumenismo da CNBB, em outras partes do mundo passam por situações perigosas por terra e mar para escapar de guerras, desastres naturais e da pobreza geradas pelas crises internas de seus países. “Suas vidas também estão expostas a imensas e indiferentes forças não apenas naturais mas também políticas, econômicas e humanas”, afirmou.
Entre os migrantes, disse dom Manoel, “encontram-se fieis das diversas Igrejas Cristãs e também seguidores de outras religiões”. Para o religioso, não basta rezar para que os Cristãos e Cristãs estejam institucionalmente unidos. “A unidade cristã só será autêntica quando a desigualdade social entre cristãos for superada. Nesta Semana de Oração de Unidade Cristã, precisamos pedir a conversão de nossa indiferença diante do sofrimento de tantos outros cristãos e cristãs. Assim como os Malteses demonstraram uma benevolência fora da comum, também nós somos chamados à hospitalidade. A acolhida e a hospitalidade para quem precisa são os selos que autentificam a nossa oração pela unidade cristão”, concluiu.
Fonte: CNBB