Cel. Fabriciano, 23 de novembro de 2024

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20 mar
Imagem: internet

Eucaristia e Missão

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A Eucaristia é o mistério central da vida da Igreja; é o coração dela e a essência de todo culto e oração. Ela “foi querida pelo próprio Cristo, e entregue à Igreja. Na véspera da Paixão, estando à mesa com seus discípulos, Ele quis torná-los virtualmente partícipes de sua Páscoa, instituindo a Eucaristia como memorial de sua morte e ressurreição, e mandou celebrá-la até sua volta gloriosa, dizendo: ‘Tomai e comei. Este é meu corpo que é entregue por vós. Fazei isto em memória de mim’ (Lc 22,20)” (Documento-Base do Jubileu 2000: Pão da Vida Nova).

A Eucaristia é a própria vida da Igreja e do mundo inteiro. “O pão que eu vos darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51). “A Igreja vive da Eucaristia” (EE 1). Ela tem papel preponderante e determinante no desenvolvimento da Igreja, porque forma, faz e constrói a Igreja de Cristo. Ela é o mistério central da Igreja, “fonte e ápice da vida cristã” (LG 11). Desde os inícios, “a fração do pão” foi considerada como a característica primordial da vida da comunidade cristã primitiva: “Frequentavam assiduamente os ensinamentos, a convivência, a fração do pão e as orações” (At 2,42).

A Igreja nasce da Eucaristia, e dela vive e cresce. São João Paulo II, em sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia (EE), escreveu: “A Igreja nasce do mistério pascal. Exatamente por isto, a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está no centro da vida eclesial” (EE 3). E continua: “Conscientes de que ‘a Igreja faz a Eucaristia, e a Eucaristia faz a Igreja’, desde sempre, a comunidade cristã celebra o memorial da Páscoa de Cristo como fonte e ápice de sua própria identidade e Missão. Por tal motivo, reunir-se juntos, cada domingo, em nome do Senhor, para se alimentar à mesa da Palavra e do Pão da Vida, é obedecer ao desejo que Cristo manifestou na vigília de sua Paixão”. A Eucaristia “é o centro do processo do crescimento da Igreja” (EE 21). Não se pode ser cristãos e desobedecer ao mandado de Cristo: ‘Fazei isto em memória de mim’”.

Santo Inácio de Antioquia dizia: “A unidade da Igreja expressa-se ao redor do altar, quando a comunidade dos irmãos está reunida. Não frequentar esta reunião significa separar-se da Igreja, e, por isto, separar-se de Deus.”

Ainda na instituição da Eucaristia, Jesus afirma que o seu sangue “é derramado por uma multidão, para o perdão dos pecados” (Mt 26,28), e que veio, não para ser servido, “mas para servir e dar sua vida como resgate de uma multidão” (Mt 20,28), proclamando abertamente que o amor de Cristo, que se entrega, é um amor sem barreiras, sem fronteiras, sem discriminação de pessoas, mas aberto a todos, derrubando todo muro de separação, para criar em si mesmo um só homem novo (cf. Ef 2,14-18).

A Eucaristia não pode acabar. A partir da celebração do memorial eucarístico, a comunidade (a Igreja) sente-se enviada a toda essa multidão pela qual Cristo derramou seu sangue, para ser “sacramento universal de salvação” (LG 48), e, portanto, “levar o anúncio do Evangelho a todos os homens” (GS 40).

A Eucaristia aparece nos evangelhos e na vida da Igreja primitiva como o coração da Missão e o fundamento do envio missionário, porque é o ápice de toda obra evangelizadora e de implantação do Reino de Deus entre os homens, e, ao mesmo tempo, o ponto de chegada de toda Missão da Igreja, porque é a expressão mais alta da evangelização e da chegada do Reino de Deus entre nós

Toda missão evangelizadora tem com finalidade implantar o Reino de Deus, e a Eucaristia é o ápice de toda evangelização, porque é o sinal por excelência da descida de Deus entre nós, implantando seu Reino de amor e de paz. Partir o pão da Vida significará sempre para a Igreja ajudar quem não conhece o Evangelho a abrir-se ao dom da fé, e a quem se afastou dela a redescobrir a felicidade da comunhão com Cristo Salvador.

Com efeito, toda Eucaristia conclui com o mandado missionário que Cristo transmitiu a seus discípulos na noite de sua ressurreição: “Ide”. O Missal Romano acrescentou outras expressões de envio: “Anunciai o Evangelho com o testemunho de vossas vidas: podeis ir em paz”; “A alegria do Senhor seja a vossa força”; “Ide levar a todos a alegria do Cristo Ressuscitado” e “Podeis ir em paz”. Os discípulos de Emaús, depois de o terem reconhecido ao partir o pão, voltaram sem titubear a Jerusalém, testemunhas deste evento maravilhoso (cf. Lc 24,23). De igual modo, o cristão, testemunha do que viu, como fermento do mundo, rico dos tesouros recebidos, é chamado à Missão nos lugares onde Deus o chama a viver e a ir pelo mundo inteiro.

Podemos assim concluir que a Eucaristia sempre será o ponto de chegada de toda Missão da Igreja, porque ela é o ápice de toda Missão evangelizadora e de implantação do Reino de Deus; e o modo com o qual a comunidade cristã celebrar a Ceia Pascal será o sinal e o paradigma de como terá chegado o Reino de Deus em tal comunidade.

Fazer memória de Cristo não será então só “torná-lo presente sacramentalmente, mas também fazê-lo presente por meio do compromisso de uma vida nova, com a obrigação de ‘anunciá-lo a todo o mundo, até que Ele venha’” (1Cor 11,24), revivendo seu mistério pascal, que Ele nos deixou para propor a todos os homens, os quais têm o direito de conhecer o mistério e a riqueza de Cristo, para dar sua adesão a Ele e encontrar n’Ele sua plenitude.

Fazer memória de Cristo significará seguir suas pegadas, viver para Deus, construir seu Reino, derrubar a barreira da divisão, criar felicidade, viver no amor, construir um mundo novo de paz e fraternidade.

Para concluir: a Eucaristia que não aquece o nosso coração como a dos discípulos de Emaús, e não nos impele para a Missão para anunciar Cristo Ressuscitado, expressa claramente que não participamos dela e não a vivemos em profundidade.

Fonte: Padre Evaldo Souza

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